O presidente Donald Trump, voltou a fazer ameaças ao bloco econômico Brics, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Em publicação na plataforma Truth Social, Trump afirmou que não permitirá que os países do bloco adotem uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional e prometeu impor tarifas de 100% sobre aqueles que tentarem.
Pressão sobre o uso do dólar
Trump foi categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de mudança no sistema financeiro global. “Não há chance de que os Brics substituam o dólar americano no comércio internacional ou em qualquer outro lugar. E qualquer país que tente, deve dizer ‘olá às tarifas e adeus à América’”, declarou.
O presidente norte-americano ressaltou que espera um compromisso formal dos integrantes do Brics em manter o dólar como referência comercial. “A ideia de que os países Brics estão tentando se afastar do dólar, enquanto ficamos parados e assistimos, acabou. Se não se comprometerem, enfrentarão tarifas de 100% e perderão o acesso ao mercado dos EUA”, escreveu.
O avanço da ideia de uma moeda alternativa
As declarações de Trump reacendem o debate iniciado na cúpula do Brics realizada em Kazan, na Rússia, em outubro de 2024. Na ocasião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação de uma alternativa ao dólar para facilitar o comércio entre os países do bloco.
O presidente russo, Vladimir Putin, também comentou sobre o tema, afirmando que a proposta de uma nova moeda ainda não era uma ideia “madura”. Apesar disso, o assunto ganhou força nos meses seguintes, levando Trump a endurecer o discurso contra os integrantes do grupo.
Ainda em novembro, logo após ser eleito novamente presidente dos Estados Unidos, Trump já havia ameaçado o bloco. “Pedimos que se comprometam […] a não criar nunca uma nova moeda do Brics, e a não apoiar nenhuma outra moeda para substituir o possante dólar americano, ou enfrentarão tarifas de 100%”, declarou na época.
Lula promete reciprocidade
As declarações mais recentes de Trump foram respondidas pelo presidente Lula durante uma coletiva de imprensa na quinta-feira (30). O líder brasileiro afirmou que, caso os Estados Unidos decidam taxar produtos brasileiros, o governo responderá na mesma medida.
“É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos dos Estados Unidos”, disse Lula.
O presidente também destacou que, até o momento, não há previsão de encontros oficiais entre os dois chefes de Estado. “Mandei uma carta para ele dizendo que espero que ele tenha uma boa governança. Se isso acontecer, está de bom tamanho”, afirmou.
Lula reforçou ainda que Trump precisa respeitar a soberania dos países e que o Brasil não aceitará imposições unilaterais sobre sua política econômica.