O Banco Mundial confirmou nesta terça-feira (23/9) que destinará até US$ 4 bilhões (cerca de R$ 21,2 bilhões) à Argentina nos próximos meses. O valor se soma ao pacote de US$ 12 bilhões anunciado em abril, reforçando o apoio financeiro ao governo do presidente Javier Milei em um momento de forte instabilidade política e econômica.
Segundo a instituição, os recursos virão de uma combinação entre financiamentos públicos e investimentos privados. O foco será em setores considerados estratégicos para a recuperação da competitividade do país, como mineração, turismo, energia e fortalecimento de pequenas e médias empresas.
“O pacote terá como foco desbloquear a mineração e minerais críticos, impulsionar o turismo como gerador de empregos, ampliar o acesso à energia e fortalecer cadeias de suprimentos”, destacou o Banco Mundial em comunicado oficial.
Confiança nas reformas
O órgão internacional afirmou que a decisão de ampliar o apoio está ligada à confiança nos esforços do governo argentino em modernizar a economia e atrair investimentos. Ainda assim, todas as operações precisam do aval do Conselho de Diretores do banco.
Tentativas de conter o câmbio
O anúncio ocorre semanas após a primeira intervenção cambial do ano feita pelo Banco Central da Argentina. Pressionado pela escalada do dólar frente ao peso, o Tesouro recorreu ao mercado de câmbio para tentar frear a desvalorização da moeda local. A medida foi confirmada pelo secretário de Finanças, Pablo Quirno, em publicação no X (antigo Twitter).
Apesar das ações emergenciais, como leilões extraordinários e aumento de compulsórios bancários, o peso segue sob pressão, refletindo a turbulência política que envolve o governo Milei.
Crise política em paralelo
Além das dificuldades econômicas, a gestão Milei enfrenta um cenário político conturbado. A secretária-geral da Presidência, Karina Milei — irmã do presidente —, foi citada em denúncias de corrupção, ampliando a tensão no Palácio do Governo.
No campo eleitoral, a situação também é delicada. A coalizão governista La Libertad Avanza sofreu derrotas recentes, incluindo em Corrientes e na província de Buenos Aires, onde a oposição peronista venceu com 41% dos votos contra 34% do partido de Milei.
Eleições como termômetro do governo
A poucos dias das eleições legislativas de outubro, consideradas por analistas como um “referendo” sobre a administração Milei, cresce a preocupação de que uma nova derrota enfraqueça ainda mais a capacidade do governo de avançar com suas reformas econômicas.